Pesquisa de servidora do TJAL revela história da última pena de morte por enforcamento no Brasil
A partir da pesquisa da historiadora e servidora do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) Hilda Monte, o Centro de Cultura e Memória (CCM) promoveu a peça teatral “A Última Forca e a Resistência Negra”.
A historiadora, que atua no CCM e no Laboratório de Conservação e Restauro do TJAL (Lacor), investigou um processo do Arquivo Judiciário da Justiça alagoana.
O evento foi realizado em parceria com o Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), que levou quase 300 estudantes para assistir à peça, no plenário do TJAL.
O espetáculo é baseado na descoberta da servidora, que, por meio da leitura dos arquivos do Judiciário, não apenas narra a morte de Francisco, mas o que o levou a ter esse final trágico, além do contexto da revolta dos escravos.
"Foi uma pesquisa de um processo que estava sumido há 150 anos e nós conseguimos resgatar. Eu restaurei, fiz a leitura paleográfica da escrita antiga e, à medida que fui lendo o processo, descobri coisas inimagináveis sobre o caso do último enforcado”, relatou Hilda.
O presidente do TJAL, desembargador Fábio Bittencourt, destacou a importância da mensagem da peça, e da experiência e o conhecimento agregados aos estudantes.
"Além de celebrar o dia da consciência negra, retrata o passado, como era feita a violência física, psicológica e até sexual contra os negros, para refletirmos o presente e modificarmos o futuro", disse Bittencourt.
Para a estudante Flávia Letícia Silva, de 15 anos, o espetáculo é necessário para a construção do aprendizado.
"Demonstrar essa história do nosso povo através da arte é bonito. É muito rico aprender o que aconteceu bem aqui, com o Francisco. Acho uma história trágica, infelizmente, mas de muita força e resistência", destacou a adolescente.
O evento integra as ações do Poder Judiciário de Alagoas em celebração ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o TJAL, Escola Superior da Magistratura (Esmal) e Centro de Cultura e Memória do Judiciário (CCM).
O diretor da Esmal, desembargador Fernando Tourinho, e o coordenador de Direitos Humanos do TJAL, desembargador Tutmés Airan, acompanharam a atividade, que ocorreu na quarta-feira (19).
