Livro campeão de vendas da Edufal ganha versão ampliada e revisada
Há três décadas campeão de vendas da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), Formação Histórica de Alagoas, do economista e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) da Ufal, Cícero Péricles, chegou à 11ª Bienal Internacional do Livro não só de roupa nova, mas numa versão ampliada e revisada. Ao retomar a obra escrita na década de 1980, o autor reafirma seu compromisso de oferecer uma consistente obra introdutória sobre a história econômica de Alagoas.
“Foi basicamente um trabalho de leitura e sistematização para que a obra ficasse sintonizada com essa nova produção. Talvez seja essa a melhor explicação sobre a permanência do livro, alcançando a nona edição em 2025”, definiu Cícero Péricles, emendando que nesta edição, o raio de alcance vem desde a época do Brasil Colônia (em 1500) até 2024.
Confira os principais trechos da entrevista:
Roberto Amorim - Como foi o processo de rever os escritos da década de 1980?
Cícero Péricles - Reescrever o texto depois de trinta anos foi, antes de tudo, uma oportunidade de revisitar a literatura - livros artigos e documentos - utilizada nas duas primeiras edições.
Em segundo lugar, o trabalho foi facilitado pelo acesso a muitas obras e fontes históricas, que não estavam disponibilizadas naquela época, e tornaram-se de acesso relativamente fácil pela abertura de novas bibliotecas e espaços de pesquisa, incluindo os que utilizam bases digitalizadas.
Terceiro, e mais importante, foi poder contar com as novas pesquisas, as contribuições vindas dos trabalhos acadêmicos com releituras e informações inéditas. Isso permitiu atualizar o conteúdo do livro, e revisar e reformular completamente os capítulos.
RA - Quais as novas contribuições para entender a formação de Alagoas?
CP - Desde as suas duas primeiras edições todos os temas da historiografia alagoana, sem exceção, receberam novas e valiosas contribuições que favoreceram a atualização da obra.
Minha tarefa apenas foi a de incorporar na nova edição esse conhecimento agora disponível. Muitas obras antigas foram - e continuam sendo - reeditadas, surgiram muitos bons textos, com novas abordagens sobre diversos temas, desde os temas clássicos, como o período colonial, a presença e contribuição dos indígenas e africanos escravizados na vida alagoana, a presença holandesa, Palmares, abolição da escravidão a formação do complexo canavieiro até temas mais atuais relacionados às disputas e mudanças políticas no século 20.
RA - Sempre definiu a obra como de caráter “introdutória”, que caminhos seguir para aprofundar nessa área?
CP - O Formação Histórica de Alagoas tem essa característica, de ser um livro composto por capítulos que tratam dos temas mais presentes na historiografia alagoana. Por ser uma obra geral, os capítulos são relativamente curtos, com informações e análises sobre cada um dos assuntos tratados, mas sem a pretensão de alcançar a profundidade de um ensaio exclusivo sobre o tema.
No entanto, como o livro tem essa intenção de servir de obra inicial sobre o passado alagoano, caso o leitor queira aprofundar em determinado assunto, cada um dos 22 capítulos traz uma base bibliográfica, com fontes especializadas, que o leitor poderá utilizar como referência para futuras leituras e pesquisas.
RA - Quais as transformações mais relevantes que Alagoas passou desde o lançamento da primeira edição?
CP - Sem dúvida, uma das principais transformações foi a ampliação dos espaços de pesquisa com acervos significativos e acesso aberto à consulta de pesquisadores, a exemplo do Arquivo Público de Alagoas e da Biblioteca Central da Ufal, em Maceió.
Além disso, como temos mais de três séculos de história comum com Pernambuco, instituições como a Fundação Joaquim Nabuco e a UFPE [Universidade Federal de Pernambuco] também apresentam vasta documentação sobre Alagoas, parte dela inexistente em Alagoas. Temos, também, o avanço extraordinário do acervo digital sobre o passado alagoano disponibilizado pela Biblioteca Nacional e por outras bases digitalizadas em universidades.
RA - Está mais fácil publicar?
CP - Publicar, republicar e fazer circular um livro nos dias atuais tornou-se uma tarefa menos complicada. Primeiro pelo avanço técnico e profissional na área gráfica e editorial, que conta com a existência de muitos bons profissionais na parte de design, ilustração, revisão e projetos gráfico; e um detalhe não menos importante: os custos industrias de confecção do livro baixaram de preço.
Outros fatores: aumento da escolaridade da população, melhoria da renda média e o crescente interesse pela leitura, estimulado pela ampliação do número de salas de leitura nas escolas e de bibliotecas municipais, assim como a criação de novas formas de compras de livros pela internet. Todos esses fatores contribuíram para o que o livro fosse democratizado e que novas edições fossem viabilizadas.
