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Jana Braga

Por Jana Braga

Mais uma vez, Jó Pereira mostrou sensatez em debate sobre armas

Um debate sobre o armamento civil, levado ao plenário da Assembleia Legislativa pela deputada estadual Jó Pereira, se estendeu na semana passada como uma discussão necessária a ser feita, apesar de se tratar de um tema de amplitude nacional.

Muito coerente, Jó leu seu discurso a respeito do assunto e se mostrou preparada - mais uma vez - para argumentar perante outras colocações que ouvia dos colegas de parlamento.

Ao citar a necessidade de planejamento, e por sua vez, a falta deste no decreto presidencial para ampliar a posse e o porte de armas de fogo e munição no país, a deputada soube pontuar o clima de intolerância, os acidentes, a violência doméstica e as tensões momentâneas que acabam em tragédias quando falta controle emocional. A parlamentar crer que se a solução para os problemas na segurança pública no Brasil for armar a população significa praticamente uma privatização/terceirização de uma das maiores responsabilidades do estado democrático de direito. O que a faz considerar não se tratar de uma política pública. E convenhamos, não é.

Jó Pereira também acertou quando afirmou que é preciso discutir a ideia com mais responsabilidade e no momento mais oportuno diante das dificuldades na economia e na educação brasileira. Estes que evidentemente são pontos que podem atenuar a violência com uma realidade de maior oportunidades para todos.

Entre tantos argumentos, um se sobressaiu para além do senso comum. As rotulações ideológicas desnecessárias que minimizam e prejudicam o debate.

Em apartes, outros deputados estaduais democraticamente manifestaram suas opiniões reforçando a discussão com outros pontos de vista.

Cabo Bebeto foi infeliz ao fazer piada com número de urna de outro partido se referindo à carta de 13 governadores, quando na verdade foram governadores de 13 estados e do distrito federal que totalizam 14. O tema é sério e não cabe esse tipo de bobagem. Também errou quando tratou o assunto com bravata e considerou que Bolsonaro deve se preocupar apenas com quem votou no presidente. O achismo em dados também foi uma falta do parlamentar que melhorou suas ponderações em um segundo momento, quando relatou experiências vividas como integrante da polícia militar e trabalhava no combate ostensivo à criminalidade.

Bruno Toledo pontuou bem o direito à legítima defesa, que deve ser considerada. Mas enveredou por uma tese de que um povo desarmado não reage a governos totalitários, o que provavelmente pode levar a discordar de si mesmo se a reflexão for sobre o período da ditadura militar no Brasil e a luta armada daquela época. Também pecou ao invocar estudos feitos com base em realidade de outros países. Simplesmente porque temos e somos uma outra sociedade.

Francisco Tenório apontou a necessidade do tema ser aprofundado com pesquisas e não com suposições. E puxou uma linha pertinente sobre o caos social promovido pelo tráfico de drogas.

Cibele Moura fez uso do discurso de liberdade e disse que liberdade controlada não é liberdade. Justamente por isso o tema não pode ser pautado com este tipo de justificativa, pois armamento tem que haver controle sempre. Foi mais razoável quando disse que o presidente governa para todos e não apenas para os eleitores dele. Citou a polarização como um fator negativo ao ambiente político, mas se contradisse ao fazer uso de argumentos ideológicos que correspondem a um destes polos.

Tarcizo Freire acredita ser um tema complexo. E Galba Novaes lembrou ter sido autor de uma lei municipal, quando vereador por Maceió, há 14 anos atrás, que proibia a comercialização de armas e munições na cidade. Assumiu que hoje não faria tal proposição e não ter opinião formada se armar a população seria melhor ou pior neste momento. O que demonstrou cautela numa questão que a necessita.

Por fim, Jó Pereira fez uma pergunta sensata: Será que o Brasil está preparado?!”

Uma resposta que não sabemos, independente das divergências de opiniões.

De maneira geral, o debate entre os deputados foi positivo.

E mostrou acima de tudo que é possível discordar e respeitar ao mesmo tempo.

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